Naturalmente, esses recursos expressivos não teriam sentido se não estivessem associados a uma temática correspondente. Os filmes expressionistas vão tratar de temas muito adequados a esses cenários e personagens: ora eles abordam a doença e a morte (por exemplo, o flagelo coletivo produzido pela peste em Nosferatu e Faust), ora eles enveredam pelos caminhos da loucura e do absurdo (como em Caligari), outras vezes pelo terreno do fantástico ou do mitológico (como nos Nibelungen), ou alçam ao plano da metafísica, explorando os mistérios do além (como no Faust). Os personagens mais tipicamente expressionistas são geralmente monstros (Nosferatu, o César de Caligari), criaturas do além (o demônio de Faust, a morte personificada em Der Müde Tod), ou bandidos cuja maldade extrema lhes dá um aspecto monstruoso ou sobre-humano (Dr. Mabuse, Raskolnikoff, o cientista louco Rotwang de Metropolis, o psicopata de M, Mörder unter uns). No expressionismo, trata-se, portanto, de pintar um bestiário, constituído de criaturas projetadas no seu grau mais extremo de desumanidade, que habitam um mundo flagelado por epidemias e ondas de crimes, sem horizontes ou perspectivas de solução.
Há quem veja nos filmes expressionistas dos anos vinte e começo dos anos trinta uma caracterização da situação de desconforto, medo e falta de perspectivas do período que antecede imediatamente a ascensão do nazismo na Alemanha, período esse conhecido como a República de Weimar (1919 – 1933). O país atravessava, nessa época, uma grave crise econômica (houve uma queda abrupta do marco em 1922), enquanto era ameaçado por movimentos separatistas, tentativas de golpe de estado (inclusive por Hitler) e de levantes esquerdistas, atentados nacionalistas, ameaças de invasão estrangeira, proliferação de facções armadas nas ruas, que desafiavam abertamente o poder constituído, e uma total incapacidade do governo de impor a ordem. Nenhum alemão, nesse período, poderia ter uma perspectiva otimista de futuro. O expressionismo parecia portanto exprimir, muito melhor que as comédias de costumes do período imediatamente anterior, esse momento de estupefação e desespero. Muitos analistas vêem, inclusive, certas analogias entre a fixação pelo uniforme militar em Der Letzte Mann ou as organizações de bandidos em M, Mörder unter uns como sintomas da formação das gangues para-militares, que os nazistas já organizavam nesse período.
Alguns filmes importantes foram realizados sob a égide do expressionismo. Nosferatu é a história trágica de um monstro atormentado pelo amor por uma mulher e que espalha a morte pelos caminhos por onde passa, em busca da amada. A caracterização do personagem-título e das desgraças que ele provoca ao seu redor são verdadeiramente impressionantes. Também impressionante é a adaptação cinematográfica da célebre obra de Goethe sobre um homem (Fausto) que vende a alma ao diabo. Nesse filme magnífico, a paisagem esquelética, as criaturas espectrais, os cenários povoados de hordas de fanáticos e de efeitos de alquimia lembram algo do mundo sombrio de Rembrandt ou das figuras deformadas de Goya. Metropolis, por sua vez, é um extravagante épico futurista, que mostra a derrocada de uma civilização baseada no culto da tecnologia e do progresso material. Uma cidade inteira, com seus milhares de arranha-céus, com seu tráfego intenso e os céus povoados de aviões foi construída em miniatura, para permitir encenar a parábola das classes sociais divididas entre a parte superior (onde ficavam os ricos e poderosos) e a parte subterrânea (onde trabalhavam até à morte os operários).