O espanto e o sucesso de Caligari vão fazer desencadear uma onda irreprimível de filmes alemães que seguem, com maior ou menor fidelidade, o modelo do filme de Wiene. Dentre as várias dezenas de cineastas que se celebrizaram no interior do movimento expressionista, dois certamente são lembrados como os mais importantes. O primeiro é Fritz Lang, já um veterano diretor e roteirista à época de Caligari, mas cujo primeiro filme genuinamente expressionista é Der Müde Tod (A Morte Cansada/1921), um clássico do cinema alemão, que trata do tema da inevitabilidade da morte. Lang era um arquiteto de formação e trouxe ao cinema uma visão obsessiva e rigorosamente arquitetônica, com os cenários gigantescos ocupando o lugar central da narrativa e quase que esmagando os personagens com a sua presença ostensiva.
Assim é que tanto nas duas partes de Nibelungen (Os Nibelungos/1923-24), como na ficção científica Metropolis (1926) e nos policiais Dr. Mabuse, der Spieler (Dr. Mabuse, o Jogador/1922) e M: Mörder unter uns (M, O Vampiro de Düsseldorf/1931), os cenários desempenham um papel tão fundamental, a ponto dos atores chegarem muitas vezes a se dissolver dentro deles e se tornar peças da grande engrenagem cenográfica que os envolve e devora. Outro diretor importante do mesmo período, Friedrich Wilhelm Murnau, se mostrará um pouco mais comedido no uso da cenografia e preferirá deter-se mais preferencialmente na caracterização dos personagens. Murnau foi o responsável por alguns dos filmes mais densos e dramáticos do expressionismo, como Nosferatu (1922), versão alemã da história de Drácula, Der Letzte Mann (O Último Homem/1924) e Faust (Fausto/1926).
Caligari é o filme que dá as coordenadas principais do filme expressionista e, nesse sentido, vai exercer uma enorme influência sobre todo o cinema alemão dos anos 20. Entre as várias características desse filme que serão assimiladas pelo cinema da época podemos citar: o gosto pela deformação, pelo exagero e pelo anti-naturalismo da representação; o peso esmagador da decoração, dos cenários e da paisagem de fundo; a estilização ou simplificação dos cenários, chegando muitas vezes à pura abstração; o impacto visual resultante do violento contraste entre as massas negras e brancas; a interpretação exagerada dos atores, com gestos extremos e os olhos parecendo querer sair para fora das órbitas; os movimentos dos atores marcados por uma coreografia solene e algo robotizada; os figurinos insólitos; o papel fundamental da iluminação como recurso expressivo, fazendo projetar pesadas sombras na paisagem (às vezes, partes inteiras da narrativa são apresentadas unicamente através de projeções de sombras).