O filme absoluto conheceu uma grande expansão na década de 20, mas não resistiu a essa década, desaparecendo com ela. Uma rara e feliz exceção foi o alemão Oskar Fischinger, cujos experimentos abstratos da década de 20 fizeram tanto sucesso que (paradoxalmente) o realizador acabou sendo convidado para continuar seus experimentos em Hollywood, nas décadas seguintes. Naturalmente, o que Fischinger fez em Hollywood não foram exatamente filmes absolutos, mas desenhos animados muito engenhosos, além de comerciais e aberturas de filmes. Seu nome está também associado a Fantasia, obra-prima do cinema de animação realizada por Walt Disney em 1940. Na década de 40, a ideia do filme absoluto vai retornar novamente, pelo menos nos círculos mais restritos do “cinema de arte”, graças ao trabalho extraordinário que o escocês Norman Mclaren desenvolverá no Canadá a partir dessa data.
Uma derivação importante do filme absoluto foi o documentário experimental de vanguarda, um gênero bastante explorado na década de 20 e que consistia em captar imagens da realidade visível (mais frequentemente o frenesi das paisagens urbanas) e editá-las segundo técnicas da escrita musical, compondo ritmos variados, fazendo repetir motivos ou contrapor formas opostas, da mesma forma como faziam os adeptos do filme absoluto com seus desenhos abstratos. O primeiro desses filmes a se impor como uma obra importante foi Le Ballet Mécanique (O Balé Mecânico/1924), uma experiência do pintor cubista francês, Fernand Léger, em que máquinas, objetos, partes do corpo humano, textos e desenhos são articulados numa montagem muito hábil para compor uma “música” de imagens em movimento.
O próprio Walther Ruttmann, depois de desenvolver uma técnica muito apurada em seus desenhos abstratos, fez uma obra-prima do documentário experimental: Berlin, Symphonie einer Grossstadt (Berlim, Sinfonia de uma Metrópole/1927), só com imagens da capital alemã.
Mas o filme mais importante dessa vertente, segundo a maioria esmagadora da crítica, foi mesmo o Tchelovek s Kinoapparatom (O Homem da Câmera/1929), do russo Dziga Vertov e de que vamos tratar em detalhe no capítulo dedicado ao cinema soviético de vanguarda.
No Brasil, houve também um pastiche dessa tendência: São Paulo, Sinfonia de uma Metrópole (o título já deixa claro o plágio do filme de Ruttmann), realizado por Rudolf Lustig e Adalberto Kemeny em 1929.