Com a hegemonia do som gravado diretamente na película, a partir dos anos 30, todo um período, conhecido como “mudo”, desaparece em definitivo. A passagem não será tranquila. Sabemos que muitos cineastas, como Chaplin, Eisenstein e Pudóvkin, entre tantos outros, vão se opor, num primeiro momento, à incorporação do som gravado ao filme. Mas o caminho do cinema em direção ao sonoro era sem volta. Dos pontos de vista industrial e comercial, o cinema sonoro representou um êxito extraordinário, que rendeu lucros fabulosos aos seus promotores e situou Hollywood no centro da produção cinematográfica mundial. Mas, ao mesmo tempo, todo um período de experimentação foi de repente aniquilado: a vanguarda não pôde resistir ao advento do som gravado e, depois de algumas poucas tentativas (em geral fracassadas) de se adaptar ao novo meio, ela praticamente desaparece. Mas o desaparecimento das vanguardas, nos anos 30, não pode ser atribuído apenas ao advento do som. A verdade é que, do ponto de vista político, o mundo começa a ficar mais fechado (com Stalin na Rússia, Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália, Franco na Espanha) e obviamente mais hostil a experiências de liberdade. O período sonoro, porém, depois de uma etapa inicial de estupefação e incertezas, vai se mostrar também uma era fértil para o cinema. Infelizmente, porém, o seu exame escapa inteiramente ao âmbito desta apostila.