Com Der Letzte Mann, o expressionismo começa a mudar. Os cenários já se tornam mais realistas, a interpretação dos atores menos carregada, a própria história torna-se mais verossímil e registra o dia-a-dia de pessoas comuns. Embora muitos traços do primeiro expressionismo ainda permaneçam (as sombras, o papel significante dos cenários, as deformações e anamorfoses das sequências de sonhos), começa a prevalecer, a partir desse filme, uma tendência mais naturalista, uma certa tentativa de resgatar as conquistas do cinema de Griffith e de conciliar as experiências de vanguarda com um cinema de gosto mais popular. Na verdade, o expressionismo alemão nunca chegou a representar uma ruptura radical com o modelo de linearização praticado na década anterior pela geração de Griffith. Comparando os filmes expressionistas com as obras máximas da vanguarda de outros países (Le Ballet Mécanique, Un Chien Andalou, Tchelovek s Kinoapparatom), pode-se concluir que os primeiros sempre representaram a face mais moderada ou mais deglutível da vanguarda. De fato, a cenografia hiperdimensionada, a maquiagem carregada e a iluminação controladíssima dos filmes expressionistas não chegam exatamente a alterar os aspectos mais profundos da sintaxe clássica do cinema, baseados na decupagem linearizada e nas regras de continuidade. Não sem motivo, dentre todas as experiências vanguardistas que o cinema experimentou, os filmes expressionistas foram os que obtiveram melhor êxito comercial, não só na Alemanha, como também em todo o resto do mundo.
O êxito comercial do expressionismo acabou sendo, paradoxalmente, uma das causas principais (a outra foi a ascensão do nazismo na Alemanha) do seu desaparecimento. Com o sucesso, a maioria dos diretores, atores, fotógrafos, iluminadores e cenógrafos começaram a ser contratados por Hollywood, dando início assim, a partir de finais da década de 20, a um êxodo em massa do pessoal de cinema da Alemanha para a América. Murnau deixa a Alemanha já em 1926 e vai realizar nos E.U.A. duas obras-primas indiscutíveis, já bastante distantes da tradição mais ortodoxa do expressionismo: Sunrise (Aurora/1927) e Tabu (1931). Fritz Lang muda radicalmente o seu estilo, adere sem problemas às regras do espetáculo hollywoodiano e vai também contribuir com alguns dos melhores filmes norte-americanos dos anos 30, 40 e 50. Curiosamente, no final da vida, em plena década de 50, ele retorna novamente à Alemanha e vai tentar retomar o expressionismo, em filmes como Der Tiger von Eschnapur (O Tigre de Bengala/1959) e Die Tausend Augen des Dr. Mabuse (Os Mil Olhos do Dr. Mabuse/1960). Vale lembrar também que um dos gêneros mais importantes do cinema norte-americano – o filme noir – seria inimaginável sem a contribuição dos técnicos importados da Alemanha por Hollywood.